sábado, 15 de maio de 2010

O Sacerdote e o ciberespaço

O Papa Bento XVI escolheu como tema “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: as novas mídias ao serviço da Palavra”, para a celebração do 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que ocorrerá no dia 16 de maio de 2010. Com esse tema e com a mensagem para o dia, o Santo Padre exorta todos os padres, no Ano sacerdotal, a utilizarem as novas tecnologias para anunciar o Evangelho. Estamos diante de novos modos de comunicar, novas linguagens que devem ser colocadas a serviço do anúncio da Boa-Nova de Jesus Cristo, sentido de nossas vidas.
O que a mensagem não sugere
Por certo a mensagem não quis incentivar nosso lado consumista e ávido por novidades, principalmente no que diz respeito às novas tecnologias. Não sugeriu que levássemos laptops para os altares, menos ainda que rezássemos a Liturgia das Horas em palms ou e-books, ou ainda que usássemos o Datashow, o PowerPoint em nossas homilias, a não ser em casos especialíssimos, diante de um público específico. Na realidade, esses aparelhos não se coadunam com a sobriedade e a simplicidade da liturgia e, quando usados, parece que se introduz algo de artificial em nossas celebrações.
Com certeza, o Papa também deve ter pensado e dado como descontado que o serviço sonoro em nossas assembleias, se não é dos melhores, não pode deixar a desejar, de tal modo que permita uma boa comunicação entre o celebrante e toda a assembleia, permitindo que a Palavra de Deus seja proclamada e explicada adequadamente.
Os migrantes da máquina de escrever
Além disso, cremos que o Papa tenha pensado nos padres “migrantes”, que com dificuldade emigraram das antigas máquinas para o computador, e que frequentemente usam o computador como uma máquina de escrever, e com dificuldade conseguem enviar e receber um e-mail. Essa situação é compreensível, porque o mundo digital, ao mesmo tempo que fascina, também espanta. Hoje em qualquer produto que se adquira, desde um simples relógio digital, um telefone celular, sem contar os produtos de tecnologia mais sofisticada, vem com um manual de instruções nada animador. Aprende-se o mínimo indispensável e não se explora, sendo otimista, nem metade dos recursos oferecidos pelas novas tecnologias. O Papa, no ano passado, dirigindo-se aos jovens católicos no 43º Dia Mundial das Comunicações Sociais, além de exortá-los a testemunharem a própria fé na rede, reconheceu que eles pertencem à  geração digital, e que eles se sentem à vontade no mundo digital, enquanto para nós adultos, “que tivemos de aprender a compreender e apreciar as oportunidades por esse mundo oferecidas à comunicação, muitas vezes tudo parece estranho”.
Novas tecnologias
Aqui vemos a necessidade de explicar, ainda que brevemente, o que se entende por novas tecnologias. Para algumas pessoas, talvez o emprego dessa expressão seja óbvio, não necessitando de maiores esclarecimentos, porém, para muita gente, não está bem clara a revolução que aconteceu na Comunicação Social, a partir dos anos 90 e se prolongando no  início  do século XXI.
As novas tecnologias utilizam o código binário zero e um (0-1), que serve para representar os números decimais e todas as letras do alfabeto. Cada número tem uma representação de sete dígitos, de zero a um, bem como cada letra do alfabeto. O sistema binário foi usado por grandes computadores que inicialmente serviram à guerra; basta lembrar que os grandes computadores da IBM estavam a serviço, na Segunda Guerra Mundial, tanto das forças Aliadas quanto do Terceiro Reich. Essa tecnologia passou depois da guerra para a administração, e foi largamente usada pelos bancos. Outra descoberta importante foi o chip, que nada mais é que um circuito integrado feito de pequena placa de silício (material semicondutor), um minúsculo componente que armazena uma enormidade de informações, que permitiu a redução do tamanho dos computadores e abriu caminho para as novas tecnologias. A tecnologia digital passou da guerra para a administração, e dela para a Comunicação Social. A linguagem digital e os circuitos integrados possibilitaram uma verdadeira revolução na Comunicação Social.  A partir de então, a fotografia, as produções cinematográficas, a música, os transmissores de rádio e televisão passaram a ser digitalizados. Como todos esses meios falam a mesma linguagem (linguagem digital), foi possível uma interação entre eles. O celular, além de atender e fazer ligações telefônicas, pode se transformar em aparelho receptor de rádio e de televisão, máquina fotográfica, numa tela de computador (desktop), e conectar-se à internet.
A Internet se constitui como uma rede internacional de comunicação realizada por computadores que proporcionam a transferência de dados para múltiplos usuários em todo o mundo. Qualquer pessoa pode ter acesso à Internet, basta para tanto ter um computador e estar conectado via modem a um telefone ou a um provedor de banda larga. A mobilidade celular e a Internet, com a comunicação de duas mãos (não só do emissor para o receptor – característica da comunicação massiva –, mas também do receptor para o emissor), criaram o espaço democrático na comunicação.
Nasce uma nova cultura
Assistimos ao nascimento de uma verdadeira revolução nos meios de comunicação social, um mundo novo é engendrado e o Papa o chamou de “continente digital”. É um mundo que cria uma nova cultura, que é a cultura da comunicação Essa cultura hoje é preexistente e precede qualquer conteúdo que se queira veicular. A Internet influi sobre o modo de pensar, e sobre os comportamentos, sejam eles pessoais ou coletivos. Pela internet, as pessoas se informam de maneira diferente, escrevem de modo diferente, trabalham com nova ferramenta, criam uma lógica também diferente, não mais a lógica do começo, meio e fim, mas uma lógica de associação de ideias e palavras-chave.  Com a web as antigas categorias de espaço e de tempo foram transformadas. O “clic” daqui e dali leva a uma fragmentação no conhecimento e torna volátil o que está escrito, porque o escrito jamais é definitivo, pode sempre ser modificado e assim como aparece, pode desaparecer. Novas linguagens, novas abreviaturas, fotos, áudio e vídeo constituem nova gramática de uma linguagem sempre em evolução.  A Internet é um instrumento e enquanto tal não é moral nem imoral. Tudo depende do uso que se faz desse instrumento. As redes digitais estreitam relacionamentos, criam fraternidade e solidariedade, promovem a paz, a justiça e os direitos humanos, compartilham o conhecimento que se torna um bem comum.
A mensagem papal
O grande desafio para a Igreja é evangelizar o “continente digital”, o que equivale a dizer que a Igreja deve estar presente de maneira qualificada na cultura da comunicação. Como estar presente na cultura da comunicação? Em primeiro lugar, conhecendo as características dessa nova cultura; em segundo, usando uma linguagem compreensível. Neste ponto, ocorrem normalmente dois problemas: a) a inteligência do povo é subestimada; b) a linguagem usada é uma linguagem hermética, supondo que todos conheçam a linguagem usada pela Igreja. Por fim, em terceiro lugar, assumindo a linguagem das mídias digitais. Um grande pecado da mídia da Igreja é a falta de profissionalismo e o uso inadequado da linguagem dos meios de comunicação social. Esse pecado já foi transferido para a internet, onde se veem poucos sites de qualidade e muitos que não passam de mera repetição dos boletins paroquiais e diocesanos, já de baixa qualidade. Muitos sites não respeitam a linguagem das novas tecnologias, são estáticos e desconhecem a interatividade.  O Papa pede que os sacerdotes se empenhem em exercer seu ministério sacerdotal entrando decididamente no ciberespaço, lembra “que a fecundidade do ministério sacerdotal deriva primariamente de Cristo encontrado e escutado na oração, anunciado com a pregação e o testemunho de vida, conhecido, amado e celebrado nos sacramentos da Santíssima Eucaristia e da Reconciliação”. Fala de um exercício de “diaconia à cultura”, e que os presbíteros devem dar “uma alma não só ao seu serviço pastoral, mas também ao fluxo comunicativo das redes”.
Cremos que o Papa, com suas palavras, quer encorajar os presbíteros a afrontar o desafio de evangelizar o mundo digital com o mundo digital. Não se trata de um apelo para que todos os padres tenham um blog, trata-se sim de um apelo para que os presbíteros se circundem de leigos competentes para a implantação dos sites paroquiais e que também acompanhem de perto os leigos que estão se lançando ou já se lançaram na evangelização via internet. Se não se chega a evangelizar a rede, que pelo menos se evangelize com a rede.
Não podemos esquecer que a missa, como liturgia-sacramento e a homilia, por estar inserida nesse contexto do mistério eucarístico, não permite ao presbítero ensinar muita coisa sobre teologia e moral. Sabemos que o ensino religioso não vai muito além da catequese para crianças. Existe uma legião de leigos e leigas que pouco ou nada entendem, por exemplo, sobre a estrutura da Igreja católica apostólica romana, das principais verdades da fé, nem compreendem mais profundamente tudo o que diz respeito ao cristianismo. A maioria dos católicos deixa-se influenciar facilmente pelos meios de comunicação social que, muitas vezes, fazem questão de associar tudo que diz respeito à fé e à igreja ou religião com obscurantismo, dogmatismo etc.
Como defender o posicionamento moral da igreja sobre temas delicados numa homilia, em poucos minutos?
Por que não aproveitamos esses novos meios para divulgar o que temos de mais puro, verdadeiro e belo? Nossa liturgia é plena de símbolos, gestos e estímulos para os sentidos.  Temos uma infinidade de santos e santas que escreveram e a maioria de suas obras é inacessível para a maior parte de clero e dos fiéis. Tudo, excetuando-se a participação nos sacramentos, pode ser difundido pelos meios digitais. Existe um universo a ser compartilhado.
Os padres devem, à medida do possível, entrar nas redes através do twitter, orkut, youtube, myspace, facebook, dos fóruns, dos chats e do correio eletrônico. O ideal é cada paróquia constituir uma rede com seus paroquianos, e que o padre possa estar em contato com eles via Internet, lembrando sempre que a interatividade e a rapidez são o sucesso das novas tecnologias.
A Internet deveria também ser um espaço de e-learning (educação à distância), uma vez que a catequese dos católicos é fraca. Poderiam ser oferecidos cursos bíblicos, cursos de liturgia, catecismo pela internet. Os sacerdotes deveriam com rapidez responder às dúvidas dos seus paroquianos, quando elas surgem. Se bem empregadas, as novas tecnologias sem dúvida ajudarão muito na pré-evangelização, dizemos pré-evangelização porque a evangelização, como nos ensina a Igreja, não se reduz apenas ao anúncio da Boa-Nova, mas deve conduzir à participação sacramental, principalmente da Eucaristia, que se apresenta como fonte e ápice de toda a evangelização.
Pe. Manoel Conceição Quinta, SSP
(Fonte: CNBB)

Pastoral Digital

Fiquei em dúvida se chamaria esta nova forma de pastoral da comunicação de digital, do ciberespaço ou cibernética. Atualmente os termos envelhecem rapidamente. O tempo e os desenvolvimentos futuros dirão e escolherão os passos, caminhos e nomes para essa missão da comunicação nesta época.
Acredito que uma nova maneira de fazer pastoral de comunicação está sendo suscitada pela Igreja através da mensagem do Papa Bento XVI para o 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Como ocorre o Ano Sacerdotal, o tema tem essa referência, mas, sem dúvida, é dirigido a todos os católicos: “o sacerdote e a pastoral no mundo digital: as novas mídias a serviço da Palavra”. Como sempre acontece no Brasil, esse dia é celebrado no Domingo da Ascensão, este ano no dia 16 de maio de 2010.
Um grande passo foi dado. Havia na cabeça e no comportamento de muitos certo medo das novas mídias ou novas ferramentas de internet, por ser esse um território livre, onde há de tudo. É um medo infundado, pois se assim o fosse não poderíamos estar no ramos dos livros e das revistas porque existem muitos livros e revistas que não são recomendáveis para os cristãos e talvez nem para as pessoas de certa dignidade.
Estávamos presentes nesses meios com certa timidez e até mesmo com certo temor. Sabemos, porém, que os “digitais nativos” já utilizam essas mídias com desenvoltura e naturalidade incríveis e, quando cristãos, sabem utilizar muito bem tudo isso para um trabalho evangelizador. Podemos anunciar que o desejo da Igreja é que saibamos colocar as novas mídias a serviço da Palavra, ou seja, de Cristo, fazendo agora a pastoral digital ou no mundo digital.
A nossa Comissão Episcopal enviará às Dioceses cartazes e textos com os subsídios para bem celebrar esse dia em todas as comunidades e paróquias, aliás, é o único dia criado pelo Concílio Vaticano II. Isso está no documento Inter Mirifica, um dos dois mais antigos documentos emanados do Concílio. Ele inicia, além da série de importantes documentos para a renovação da Igreja na década de sessenta, também uma orientação para os novos tempos que estavam surgindo naquela época no campo dos meios de comunicação. A Igreja tem como missão evangelizar, ou seja, comunicar a morte e ressurreição de Jesus Cristo, que foi enviado pelo Pai para nos comunicar a Sua Vontade. Se o documento conciliar é apenas indicativo, ele abriu, no entanto, os caminhos para as diferentes situações que se seguiriam posteriormente. Cada ano, os Pontífices Romanos anunciam, na festa dos Arcanjos Gabriel, Rafael e Miguel, o tema anual e publicam o texto no dia da Festa de São Francisco de Sales.
Saudamos carinhosamente os que se dedicam a essa missão, e incentivamos para que o façam com ânimo sempre renovado – de levar todos os homens e mulheres a construírem uma sociedade justa e fraterna, além de alimentar a fé do nosso povo através de escritos, filmes, Power points e tantos outros meios. Quando, neste ano, tivermos a graça de criar a “Signis Brasil”, como filial da Signis Mundial, também ali deverá ter um setor para os portais de inspiração católica se filiarem, além das rádios, televisões, revistas, jornais e impressos. Atualmente temos ótimos portais de notícias ligados a grupos católicos que, além de passar os acontecimentos, formam, através de eventos e textos, as pessoas no caminho cristão. A grande questão é saber escolher a reta doutrina e aqueles que sabem construir a unidade na diversidade. Isso está entre outras iniciativas louváveis, somente para recordarmos das propostas que são colocadas diante de nossas telas de formação permanente da doutrina cristã, de anúncio da Palavra de Deus e de notícias acerca da vida da Igreja no Brasil e da vida das próprias dioceses, paróquias e comunidades.
Urge uma conversão pastoral de nossos presbíteros, como nos pede o Papa para o Dia Mundial das Comunicações, em colocar, como meta primeira de sua pastoral, a pastoral da comunicação e da acolhida, que hoje não pode prescindir de ser, também, da internet e dos meios correlatos.
Não tenho dúvidas de que a Igreja que peregrina no Brasil está fortemente amparada na vontade deliberada de dar especial apoio a todos os sites e meios eletrônicos que anunciem o Cristo Ressuscitado e que levem o homem e a mulher de nossos dias a buscar a santidade pelo conhecimento e pelo seguimento apaixonado pelo Redentor.
A todos uma bela e comprometedora celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais, e que isso ajude a criar ou incrementar ainda mais a Pastoral da Comunicação em nossas comunidades e abrir-nos para o diálogo com os comunicadores de nossa região.
Dom Orani João Tempesta
(Fonte: CNBB)

Mensagem do Papa Bento XVI para o 44º Dia Mundial das Comunicações

“O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra"
[Domingo,16 de Maio de 2010]
Queridos irmãos e irmãs!
O tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais – “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra” – insere-se perfeitamente no trajeto do Ano Sacerdotal e traz à ribalta a reflexão sobre um âmbito vasto e delicado da pastoral como é o da comunicação e do mundo digital, que oferece ao sacerdote novas possibilidades para exercer o seu serviço à Palavra e da Palavra. Os meios modernos de comunicação fazem parte, desde há muito tempo, dos instrumentos ordinários através dos quais as comunidades eclesiais se exprimem, entrando em contacto com o seu próprio território e estabelecendo, muito frequentemente, formas de diálogo mais abrangentes, mas a sua recente e incisiva difusão e a sua notável influência tornam cada vez mais importante e útil o seu uso no ministério sacerdotal.
A tarefa primária do sacerdote é anunciar Cristo, Palavra de Deus encarnada, e comunicar a multiforme graça divina portadora de salvação mediante os sacramentos. Convocada pela Palavra, a Igreja coloca-se como sinal e instrumento da comunhão que Deus realiza com o homem e que todo o sacerdote é chamado a edificar n’Ele e com Ele. Aqui reside a altíssima dignidade e beleza da missão sacerdotal, na qual se concretiza de modo privilegiado aquilo que afirma o apóstolo Paulo: «Na verdade, a Escritura diz: “Todo aquele que acreditar no Senhor não será confundido”. […] Portanto, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Mas como hão de invocar Aquele em quem não acreditam? E como hão de acreditar n’Aquele de quem não ouviram falar? E como hão de ouvir falar, se não houver quem lhes pregue? E como hão de pregar, se não forem enviados?» (Rm 10,11.13-15).
Hoje, para dar respostas adequadas a estas questões no âmbito das grandes mudanças culturais, particularmente sentidas no mundo juvenil, tornaram-se um instrumento útil as vias de comunicação abertas pelas conquistas tecnológicas. De fato, pondo à nossa disposição meios que permitem uma capacidade de expressão praticamente ilimitada, o mundo digital abre perspectivas e concretizações notáveis ao incitamento paulino: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9,16). Por conseguinte, com a sua difusão, não só aumenta a responsabilidade do anúncio, mas esta torna-se também mais premente reclamando um compromisso mais motivado e eficaz. A este respeito, o sacerdote acaba por encontrar-se como que no limiar de uma «história nova», porque quanto mais intensas forem as relações criadas pelas modernas tecnologias e mais ampliadas forem as fronteiras pelo mundo digital, tanto mais será chamado o sacerdote a ocupar-se disso pastoralmente, multiplicando o seu empenho em colocar os media ao serviço da Palavra.
Contudo, a divulgação dos “multimídia” e o diversificado «espectro de funções» da própria comunicação podem comportar o risco de uma utilização determinada principalmente pela mera exigência de marcar presença e de considerar erroneamente a internet apenas como um espaço a ser ocupado. Ora, aos presbíteros é pedida a capacidade de estarem presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica, para desempenharem o próprio papel de animadores de comunidades, que hoje se exprimem cada vez mais frequentemente através das muitas «vozes» que surgem do mundo digital, e anunciar o Evangelho recorrendo não só aos media tradicionais, mas também ao contributo da nova geração de audiovisuais (fotografia, vídeo, animações, blogues, páginas internet) que representam ocasiões inéditas de diálogo e meios úteis inclusive para a evangelização e a catequese.
Através dos meios modernos de comunicação, o sacerdote poderá dar a conhecer a vida da Igreja e ajudar os homens de hoje a descobrirem o rosto de Cristo, conjugando o uso oportuno e competente de tais meios – adquirido já no período de formação – com uma sólida preparação teológica e uma espiritualidade sacerdotal forte, alimentada pelo diálogo contínuo com o Senhor. No impacto com o mundo digital, mais do que a mão do operador dos media, o presbítero deve fazer transparecer o seu coração de consagrado, para dar uma alma não só ao seu serviço pastoral, mas também ao fluxo comunicativo ininterrupto da «rede».
Também no mundo digital deve ficar patente que a amorosa atenção de Deus em Cristo por nós não é algo do passado nem uma teoria erudita, mas uma realidade absolutamente concreta e atual. De fato, a pastoral no mundo digital há de conseguir mostrar, aos homens do nosso tempo e à humanidade desorientada de hoje, que «Deus está próximo, que, em Cristo, somos todos parte uns dos outros» [Bento XVI, Discurso à Cúria Romana na apresentação dos votos de Natal: «L’Osservatore Romano» (21-22 de Dezembro de 2009) pág. 6].
Quem melhor do que um homem de Deus poderá desenvolver e pôr em prática, mediante as próprias competências no âmbito dos novos meios digitais, uma pastoral que torne Deus vivo e atual na realidade de hoje e apresente a sabedoria religiosa do passado como riqueza donde haurir para se viver dignamente o tempo presente e construir adequadamente o futuro? A tarefa de quem opera, como consagrado, nos media é aplanar a estrada para novos encontros, assegurando sempre a qualidade do contacto humano e a atenção às pessoas e às suas verdadeiras necessidades espirituais; oferecendo, às pessoas que vivem nesta nossa era «digital», os sinais necessários para reconhecerem o Senhor; dando-lhes a oportunidade de se educarem para a expectativa e a esperança, abeirando-se da Palavra de Deus que salva e favorece o desenvolvimento humano integral. A Palavra poderá assim fazer-se ao largo no meio das numerosas encruzilhadas criadas pelo denso emaranhado das auto-estradas que sulcam o ciberespaço e afirmar o direito de cidadania de Deus em todas as épocas, a fim de que, através das novas formas de comunicação, Ele possa passar pelas ruas das cidades e deter-se no limiar das casas e dos corações, fazendo ouvir de novo a sua voz: «Eu estou à porta e chamo. Se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo» (Ap 3, 20).
Na Mensagem do ano passado para idêntica ocasião, encorajei os responsáveis pelos processos de comunicação a promoverem uma cultura que respeite a dignidade e o valor da pessoa humana. Este é um dos caminhos onde a Igreja é chamada a exercer uma “diaconia da cultura” no atual «continente digital». Com o Evangelho nas mãos e no coração, é preciso reafirmar que é tempo também de continuar a preparar caminhos que conduzam à Palavra de Deus, não descurando uma atenção particular por quem se encontra em condição de busca, mas antes procurando mantê-la desperta como primeiro passo para a evangelização. Efetivamente, uma pastoral no mundo digital é chamada a ter em conta também aqueles que não acreditam, caíram no desânimo e cultivam no coração desejos de absoluto e de verdades não caducas, dado que os novos meios permitem entrar em contacto com crentes de todas as religiões, com não-crentes e pessoas de todas as culturas. Do mesmo modo que o profeta Isaías chegou a imaginar uma casa de oração para todos os povos (cf. Is 56,7), não se poderá porventura prever que a internet possa dar espaço – como o «pátio dos gentios» do Templo de Jerusalém – também àqueles para quem Deus é ainda um desconhecido?
O desenvolvimento das novas tecnologias e, na sua dimensão global, todo o mundo digital representam um grande recurso, tanto para a humanidade no seu todo como para o homem na singularidade do seu ser, e um estímulo para o confronto e o diálogo. Mas aquelas apresentam-se igualmente como uma grande oportunidade para os crentes. De fato nenhum caminho pode, nem deve, ser vedado a quem, em nome de Cristo ressuscitado, se empenha em tornar-se cada vez mais solidário com o homem. Por conseguinte e antes de mais nada, os novos media oferecem aos presbíteros perspectivas sempre novas e, pastoralmente, ilimitadas, que os solicitam a valorizar a dimensão universal da Igreja para uma comunhão ampla e concreta; a ser no mundo de hoje testemunhas da vida sempre nova, gerada pela escuta do Evangelho de Jesus, o Filho eterno que veio ao nosso meio para nos salvar. Mas, é preciso não esquecer que a fecundidade do ministério sacerdotal deriva primariamente de Cristo encontrado e escutado na oração, anunciado com a pregação e o testemunho da vida, conhecido, amado e celebrado nos sacramentos sobretudo da Santíssima Eucaristia e da Reconciliação.
A vós, queridos Sacerdotes, renovo o convite a que aproveiteis com sabedoria as singulares oportunidades oferecidas pela comunicação moderna. Que o Senhor vos torne apaixonados anunciadores da Boa Nova na «ágora» moderna criada pelos meios atuais de comunicação.
Com estes votos, invoco sobre vós a proteção da Mãe de Deus e do Santo Cura d’Ars e, com afeto, concedo a cada um a Bênção Apostólica.
Vaticano, 24 de Janeiro – Festa de São Francisco de Sales – de 2010.
BENEDICTUS PP. XVI
(Fonte: CNBB)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Paróquia apresenta cartaz para Festividade 2010

Uma grande expectativa tomou conta dos paroquianos do Júlia Seffer na noite do último sábado, 8. Fazendo parte do calendário da Festividade 2010 “Coração Sacerdotal de Jesus, Sede nossa salvação”, foram apresentados à comunidade dois cartazes: um das Santas Missões Populares e o vencedor do I concurso, o mais aguardado, para a escolha do cartaz da festa deste ano. A programação aconteceu após a Santa Missa, na Praça da Rua 11. O evento foi realizado pela paróquia Sagrado Coração de Jesus em parceria com a Achajus, que trouxe as atrações musicais Ivana e Kássio e o grupo folclórico Estrela do Norte.
A coordenação da festa avaliou como positiva a organização desta etapa, e que alguns aspectos deverão ser aprimorados para o próximo ano. O elaborador do cartaz escolhido, Paulo Eduardo “Dudu”(foto), foi bastante festejado pela comunidade após o anúncio. Ao final, todos puderam levar para casa, um exemplar.
 O cartaz escolhido traz uma imagem do Sagrado Coração e ao fundo o povo de Deus. Na parte inferior, dois sacerdotes apresentam o cálice e a hóstia consagrada, através do sacratíssimo coração, o pão vivo, entregue a todos para a remissão dos pecados. Os cartazes estão em exposição na fachada da igreja matriz, e ficam até ao final do ano.